domingo, 10 de agosto de 2008

Vizinho de janela

Deixei-te lá e nem lembro que você respira. Virou lembrança que só vem com esforço da memória. E você, será que lembra de mim? Será que lembra da garota dos olhos atentos às suas janelas? Que quase perdeu o coração pras estrelas ao ver seus cabelos molhados e a cor da sua pele contrastando com a toalha branca que te cobria a cintura? Ah, irresistível... Ainda tenho a face rubra ao lembrar do momento que encontrei teus olhos depois de ter degustado com os meus tudo o que a toalha não cobria. Tomara que não seja bom leitor de sorrisos discretos, vizinho, posso ter te contado, naquele momento, o quanto te desejava. E te quis por três dias. Te quis loucamente por três dias e você nem olhares me deu. Vou mandar esses seus cabelos cedosos cujo cheiro desconheço para o inferno. Vai, que não te desejo mais. Assim, de longe, sem a visão do seu belo rosto, não consegue me atrair com essa sua indiferença. (Julho 2008)

Um comentário:

Ílan Rodrigues disse...

É preciso ser algo mais profundo que ser bonito para aprender a ler sorrisos. Nem todos sabem ler sorrisos. Nem todos querem. Nem todos podem.