domingo, 1 de fevereiro de 2009

Feliz Aniversário

Pai, eu não me estou “desimportantizando” quando fico em silencio diante da pergunta “o que você quer de aniversário”. Eu queria de aniversário de 18 anos que as pessoas se amassem mais, que eu vivesse mais, que eu descobrisse que cada minuto é único. Queria de aniversário que eu deixasse as ideologias e os preconceitos de lado e só me deixasse ser, queria parar de me importar tanto com coisas que eu não me importo, que eu fizesse coisas que eu nunca tinha feito antes, que eu fosse tolerante. Queria uma festa de família em um parque, onde as pessoas sentariam na grama, usando chinelos e roupas leves, e conversariam sobre as coisas mais levianas dessa vida, onde todos estariam se sentindo bem, onde não existiriam problemas de família nem nenhum membro dela faltando. Queria uma festa de aniversário sem lista de convidados, na qual só iriam as pessoas que honestamente se importam comigo. Eu queria poder sair de casa com uma mochila nas costas e um travesseiro, ir até o aeroporto de ônibus e decidir lá qual avião pegar. Eu queria pegar o mesmo ônibus e ir até o aeroporto só pra ver os aviões pousarem, pra ver o sol baixando no horizonte enquanto as pessoas entram e saem. Eu queria que todos os dias fossem os aniversários de todas as pessoas e que todas elas ganhassem felicidade de presente. Eu queria de aniversário tempo, tempo que nunca ninguém tem. Queria saber tocar violão. Eu queria que a internet aqui em casa funcionasse, que nós assistíssemos mais bons filmes em família, que eu pudesse dormir no sofá sempre que eu quisesse, queria poder deixar a cama desarrumada quando desse vontade, queria que a Pucca fosse mais amada, queria que o Charlie morasse com a gente, queria um atelier próprio, queria que o Leo usasse menos o computador, queria que a mãe ficasse menos na cama, queria que você chegasse mais cedo do trabalho, queria que o meu cactus não tivesse morrido, queria o meu computador no meu quarto, queria que a casa fosse menor, queria que o jardim fosse mais espontâneo, queria que a empregada almoçasse com a gente, queria sentar na grama lá fora com vocês três e conversar sobre a semana que passou. Grandes coisas que o dinheiro não compra.

2 comentários:

Kaueet disse...

wow. Realmente, grandes coisas que o dinheiro não compra! pequenas coisas que nos ajudam a sorrir mais, não é? Um dia faremos tudo isso. Um dia, Rafaela, um dia. E não num futuro próximo, espero! <3

Wania Strapasson disse...

Me deu um nó na garganta.