terça-feira, 20 de novembro de 2012

Era gordo e imenso. Vermelho sangue de tanta alma que me tinha sugado. Eu, que já não tinha de sobra, fui logo lhe lançando o traveseiro. A marca do massacre: até hoje.
Não sei o que eu faria sem as cores. Pinto para acalmar o mundo: as minhas cores favoritas são os verdes e os marrons, mas não por uma questão de espírito. Arrepia-me a alma quando  ouço daqueles fantásticos animais marinhos que enxergam milhares de cores a mais do que nós simples seres humanos. Qual o sentido da vida em saber da existência de outras cores e ser incapaz de vê-las? É angustiadamente frustrante e fascinante. Relacionar-se com as pessoas é de um sentimento muito parecido. São tantas cores, algumas tão familiares, algumas tão exóticas, algumas que eu nem mesmo consigo reconhecer. Embora eu tire as marrons e verdes de letra, sou cega para algumas dessas cores, a maioria delas! Aprende-se, é claro, a reconhecer cores: aprende-se a diferenciar o verde vessiê e o terra verde natural. Há cores, no entanto, que são inevitavelmente irreconhecíveis. Quando me deparo com estas cores - e elas estão tão próximas - doses iguais de angústia, frustração e fascínio são injetadas direto em minhas veias de vermelho cádmio tão despreparadas. 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Tinha um amor tão profundo
que logo ia lhe tirando
uma lasca do braço.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Inglês, francês, alemão, espanhol, tiro de letra.
Quero ver entender o silêncio.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

As mãos apoiadas na superfície fria do granito: uma pálida, a outra culpada. Gotas rubras se desenhavam pelo chão acético. Do espelho rachado em milhares, viu-se pela primeira vez.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Estou cansada de mim


Estou cansada dos outros


E dos outros


E dos outros


Dos outros em mim.


Arrancá-los-ei a golpes de dedos raivosos


E, sangrando a vida,


Irei embora para Aman


Quem sabe o País das Fadas


Que me deem de comer e de beber


Até que o tempo passe - e passe logo


E a angústia de existir nunca mais atormente


essa mente


fraca de humana.